segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Vestido de Noiva de Gerald Thomas

Gerald Thomas pediu pra sair.
Gosto de posturas como a dele. Gosto mais do silêncio dele, nesse momento, do que o que chegou para mim do teatro dele. Essa coisa de Rimbaud, mesmo requentada, me fascina, me soa como honesta, embora ele não tenha que prestar satisfações a mim ou a qualquer que seja.
Devo ter visto as duas últimas peças dele. Ou três, não lembro bem.
Não era um teatro que me interessasse. Eu sempre o via como um fantasma da década de 1980. Como espectro que assombra a cena. Minha geração, talvez, não tenha direito ao verdadeiro Gerald. Ao do teatro visual de duas décadas atrás. Teatro é 3x4 do tempo - estoura a imagem fotografar em super8, se o sol que nasce é enquadrado por celulares e digitais. Também recuso engrossar fileiras no coro dos que cantam que ele é um falsário, que fazia mero ctrl c ctrl v do que assistia na Europa. Desconfio que o buraco é mais embaixo.
Meses atrás, fuçando pra Bacante quanto tinha rolado de grana pra Fernandoca fazer o “monólogo do possível”, descobri que o Gerald ia montar 'Vestido de Noiva' (embaixo tem o print do projeto).
Seria um encontro e tanto. Seria o Gerald sem o anteparo verborrágico, reflexivo, narcisista de uma dramaturgia descartável e presa e circunscrita à sua encenação. Seria o encontro de dois marcos. Acho que faria bem aos dois.
Sento na cadeira, confiro se o canhoto do bilhete que eu deverei guardar em uma pasta com quiquilharias importantes. Escuto o terceiro sinal, mergulho no escuro e me deslumbro com uma luz. “O Vestido de Noiva” de Gerald inunda minha vida inteira.





2 comentários:

  1. Amei o nome do blog!!! Mas alguém disse certa vez em algum lugar que não lembro onde agora, que estava se preparando pra "deixar" o teatro. E cria um blog só pra ele?! eim? eim? =)
    Beijo bem grande!

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  2. minha profissão é abandonar.
    Abandonar pessoas.
    Abandonar cidades.
    Abandonar artes.
    :D

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