sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cobertura da mostra no jornal e resposta do grupo

Escrevi esse texto na edição de ontem (26/11/2009) do Jornal da Paraíba

Por qual razão contar a história da enfermeira inglesa do século 19? Será que não há um assunto ou tema mais próximo de nossa realidade? O que se quis dizer com uma montagem como Florence Ninghtingale com boa parte do elenco que nem sabia falar direito? E o que dizer do tom carregado e melodramático de A Outra Mulher de Adão? E ainda, por que uma atriz com 44 anos de teatro como Anunciada Fernandes não cuida melhor de uma produção, deixando-se levar por um histrionismo antiquado em A Liberdade de Amélia?
Teatro é retrato de um tempo, de um povo. Quando mais afastado da nossa realidade, mas ficará vazio não só de espectadores, mas de ideias. (AB)

Hoje, o email do jornalismo do Jornal da Paraíba, recebeu essa mensagem do grupo:

"Resposta ao AB"

É realmente gratificante ver pessoas que se dizem tão cultas agredirem outras com a
maior cara de pau. Ridículo o comportamento do jornalista , um tal de AB , que vem sabe lá de onde
agredir os humildes trabalhos feitos com tanta dificuldades e sem o menor apoio. QUEREMOS APOIO E NÃO CRÍTICAS !
Se o senhor AB acha nosso trabalho ruim, faça por onde nos apoiar, porque se já é tudo tão difícil com um comportamento
desse torna tudo pior ainda, não só para nós, mas para todo o teatro sofrido Paraibano.
Quanto ao questionamento do que devemos apresentar alegando qual a importância de Florence...é, realmente, este Senhor , como bem já disse, vem sabe-se lá de onde, sem conhecer nossas dificuldades e o que quer mesmo ver é cultura nordestina!
Ao que parece, não devemos representar, épicos, clássicos, ou contar a vida de mais ninguém....
volte para sua terra , tranque-se no seu quarto e vá fazer suas poesias.
Passe bem!

Escrevi uma resposta para o grupo e mandei também para o e-mail do jornalismo

Olá, pessoal da companhia de teatro encantos.
Grato pelo email. É sempre bom quando alguém escreve, melhor do que o silêncio.
Em primeiro lugar, não houve nenhuma "agressão com a maior cara de pau".
Teci alguns comentários sobre a escolha do tema e a dicção dos atores.
Quem apresenta um trabalho artístico público, cobrando ingresso e integrando
uma mostra estadual de um órgão público, pago pelo contribuinte,
deve saber que qualquer atividade pública está passível de observação, comentário,
critica - aos que não querem se alvo disso, que não exponham seus trabalhos.
Se você acha o meu trabalho rídiculo, é uma opinião sua e as opiniões alheias
devem ser respeitadas, podem ser passíveis de contestação.
Meu trabalho corresponde não só os comentários que fiz, mas há 4 anos
cubro na área de teatro, acompanho as estreias, faço críticas,
escrevo reportagens, cubro festivais. Esse ano, por exemplo, eu já assisti
67 espetáculos em São Paulo, Paraná, Ceará, Pernambuco, Natal,
além de ter ido aos festivais de Curitiba, São José do Rio Preto, Guaramiranga,
prática eu já venho fazendo há praticamente 4 anos.
Minhas ações são custeadas do meu próprio bolso, na maioria dos casos.
Viajo, invisto na minha formação, sei que é importante para quem escreve sobre teatro
ter um repertório sólido e acompanhar a produção teatral contemporânea.
Se o seu trabalho é humilde e sem apoio,
humildade e falta de apoio não podem ser salvaguardas para nada,
não consigo compactuar com essa auto comiseração que só faz com que as coisas
permaneçam como estão. É um discurso reacionário que eu não assino embaixo.
Se você querem apoio e não críticas, mandem um email para o FIC Augusto dos Anjos,
para o FMC ou para o BNB de Cultura, eles são os órgãos de apoio e não um jornal
E por falar em apoio, na edição do dia 12 de novembro nós apoiamos sim a peça, divulgamos a apresentação
dela com matéria ("Peça fala de pioneira da enfermagem") escrita por mim inclusive.
Acho que a questão não é só emitir juízos de valor sobre o que seja bom ou ruim,
quem lê o jornal da paraíba, há 4 anos escrevo críticas de teatro nesse jornal, sabe
que corro léguas desse tipo de postura. Outra, não tenho outra maneira
de apoiar vocês que não seja divulgando o trabalho e oferencendo a minha opinião,
como já venho fazendo.
A todo tempo sou chamado de alguém que "vem sabe-se lá de onde", quem vai ao teatro,
a qualquer estreia, a qualquer peça, sabe quem eu sou, porque, se você ler o jornal da paraíba,
vai saber que lá estou eu não só divulgando como exercendo o meu ofício crítico.
Se eu não conheço as dificuldades? Conheço sim, mas, pensa uma coisa: pra o seu grupo,
não para mim: aonde vocês irão com esse discurso de coitadinho, de miserável,
que precisa de alguém que apoie e passe a mão na cabeça? Pra onde vocês querem ir;
o que vocês querem ser?
Não disse q não se deve montar épicos, clássicos, nem contar a vida de ninguém,
só não entendi a conexão entre a nossa realidade, os nossos problemas
em uma história de uma enfermeira inglês do século XIX - o que você quis dizer
com o seu espetáculo?
Quanto a trancar-se no meu quarto e voltar para minha terra,
desmonta o discurso de que você não me conhece, nem sabe de onde
eu venho.

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