domingo, 22 de novembro de 2009

Espetáculos - Sábado -

Vatsa, Fragmentos de uma Memória - A direção é de Eliezer Rolim. Na real, uma orientação de pós, eu soube depois. Um solo de Erik Breno. Meio que mistura teatro e dança. Não quero aqui, nesse espacinho cair no subjetivismo de "ah gostei", "ah não gostei". Perguntas. Gosto delas. Aqui vai uma: o que se quis dizer na mistura do diário do Nijinski com os textos do próprio bailarino? Qual a conexão que se estabeleceu com o espetáculo? Conversei com Breno depois, ele me falou de como aquilo foi bacana ao processo, mas, juro que não consigo sacar, sentado da caderia. Aprecei mesmo a precisão dos movimentos - a cena em que ele ilustra a cadeia evolutiva do homem, desde o macaco, foi muito bem feita.

Boi de Folia - Um grupo de Bayeux. Para os amigos de fora da Paraíba, Bayeux é a cidade onde fica o nosso aeroporto e é também repositório de muitas piadinhas politicamente incorretas dos pessoenses - acho que depois de Campina Grande, é o alvo preferido da turma. O folguedo é até bonito, o lance do boi. Gostei muito do ator que abre o espetáculo, que faz o narrador - impressão bem pessoal mesmo, não sei traduzir isso em palavras; ele entra, chama atenção, instaura o teatro. Sei que isso não quer dizer nada, é super subjetivo, ok? O lance de entremear o folguedo com uma historinha e lance de "vamos salvar a cultura popular" ficou meio chatinho, meio dentro de um mesmo lugar, dentro de uma mesma expectativa.

Nada, nenhum e ninguém - Marcos Pinto quis colocar em cena muito de sua trajetória de dissolução de grupos, de desencontros de egos, do problema de se trabalhar em um coletivo. Aliou o seu Grupo Experimental com a Trupe Arlequim, do Diocélio Barbosa - que também teve uma treta pesada com a companhia que fundou, a Lua Crescente, teve que sair, criar outro grupo... O que tivemos em cena? Um teatro colorido, musical, mambembe. Metateatro, uma trupe vai montar "O Grande Teatro do Mundo", mas não consegue devido a esses desencontros. Na hora, me lembrou o mesmo motivo de "O Capitão e a Sereia", dos Clowns, em cartaz em Sampa. Mas, só que houve caminhos bem diferentes para cada montagem. Vou me concentrar na daqui. Primeiro: a dramaturgia. Marcos Pinto costurou vários textos. Muitos de poesia. Mas, sem me alongar muito: o que ele quis dizer com o espetáculo? Que relação se estabelece com o contexto em que está inserido de tempo e de lugar. Quando o personagem se recusa a continuar interpretando, dizendo "repetir o mesmo texto, as mesmas falas..."... essa observação pode ser utilizada para o próprio teatro que o próprio Marcos vem fazendo e, com o risco de uma afirmação como essa, em certo sentido, com o teatro que vem se fazendo por aqui... O mesmo teatro colorido, popular, mambembe, engraçadinho, musical e... desconectado da realidade.





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