terça-feira, 1 de dezembro de 2009

fim da mostra, mas não o fim do blog

A mostra se foi.
Não fui ao show do Nóbrega. Melhor e mais apropriado
seria um espetáculo convidado para o encerramento do que
um show musical.
Engraçado, se fosse um festival de música,
duvido que eles encerrassem com uma peça.
A música vai tomar conta do mundo.
Dia desses, fui chamado pra ia pra uma feira
literária. Cachê? Não, estamos em defesa da cultura,
vc vai divulgar seu nome, damos passagem e hotel.
Só que a programação tinha, sim, uns músicos - eles
estão em todo lugar cumprindo a ordem
estabelecida pelo mundo a de que é proibido
fazer silêncio - só que eles não estavam lá
em defesa da cultura. Todos, como bons trabalhadores,
recebiam sua grana.
Totalmente a favor que eles sejam pagos.
totalmente contra eu sair de casa pra não ganhar
indo trabalhar no evento dos outros.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

resposta do Evandro


Se você estava na platéia porque não nos procurou para saber porque montamos este espetáculo ? não, preferiu nos
ofender ou acha que nós também somos funcionários de jornal para responder as suas perguntas? temos problemas? temos, agora sua forma medíocre de criticar é que o torna pequeno e sem valor para todos aqueles que compõem a classe artística! o que vc vai ganhar com isto ? ...e quer saber continue com seu...o que são 4 anos de platéia diante dos meus 15 de palco? se são bons ou ruins, O PROBLEMA É MEU, o teatro não vai acabar com o meu péeessimo trabalho, no mínimo não o terei na platéia e isto não fará diferença não sei nem que o é ! Por tanto meu nobre, "cada um no seu quadro", o seu trabalho é criticar,o meu é atuar. Dos meus erros depende seu trabalho, agora dos seus acertos não preciso para nada...
Vejo que sua sinceridade só serve para você, falar é fácil ,ouvir é oooooutro problema.

Não perca mais tempo com este trabalho, já mostramos para você que não somos capazes, deixe-nos
fazer nosso trabalho em paz. O mais importante deste festival foi a platéia , e dela sabemos muito bem o que achou!

Passe bem !


Evandro Oliveira.

Cobertura da mostra no jornal e resposta do grupo

Escrevi esse texto na edição de ontem (26/11/2009) do Jornal da Paraíba

Por qual razão contar a história da enfermeira inglesa do século 19? Será que não há um assunto ou tema mais próximo de nossa realidade? O que se quis dizer com uma montagem como Florence Ninghtingale com boa parte do elenco que nem sabia falar direito? E o que dizer do tom carregado e melodramático de A Outra Mulher de Adão? E ainda, por que uma atriz com 44 anos de teatro como Anunciada Fernandes não cuida melhor de uma produção, deixando-se levar por um histrionismo antiquado em A Liberdade de Amélia?
Teatro é retrato de um tempo, de um povo. Quando mais afastado da nossa realidade, mas ficará vazio não só de espectadores, mas de ideias. (AB)

Hoje, o email do jornalismo do Jornal da Paraíba, recebeu essa mensagem do grupo:

"Resposta ao AB"

É realmente gratificante ver pessoas que se dizem tão cultas agredirem outras com a
maior cara de pau. Ridículo o comportamento do jornalista , um tal de AB , que vem sabe lá de onde
agredir os humildes trabalhos feitos com tanta dificuldades e sem o menor apoio. QUEREMOS APOIO E NÃO CRÍTICAS !
Se o senhor AB acha nosso trabalho ruim, faça por onde nos apoiar, porque se já é tudo tão difícil com um comportamento
desse torna tudo pior ainda, não só para nós, mas para todo o teatro sofrido Paraibano.
Quanto ao questionamento do que devemos apresentar alegando qual a importância de Florence...é, realmente, este Senhor , como bem já disse, vem sabe-se lá de onde, sem conhecer nossas dificuldades e o que quer mesmo ver é cultura nordestina!
Ao que parece, não devemos representar, épicos, clássicos, ou contar a vida de mais ninguém....
volte para sua terra , tranque-se no seu quarto e vá fazer suas poesias.
Passe bem!

Escrevi uma resposta para o grupo e mandei também para o e-mail do jornalismo

Olá, pessoal da companhia de teatro encantos.
Grato pelo email. É sempre bom quando alguém escreve, melhor do que o silêncio.
Em primeiro lugar, não houve nenhuma "agressão com a maior cara de pau".
Teci alguns comentários sobre a escolha do tema e a dicção dos atores.
Quem apresenta um trabalho artístico público, cobrando ingresso e integrando
uma mostra estadual de um órgão público, pago pelo contribuinte,
deve saber que qualquer atividade pública está passível de observação, comentário,
critica - aos que não querem se alvo disso, que não exponham seus trabalhos.
Se você acha o meu trabalho rídiculo, é uma opinião sua e as opiniões alheias
devem ser respeitadas, podem ser passíveis de contestação.
Meu trabalho corresponde não só os comentários que fiz, mas há 4 anos
cubro na área de teatro, acompanho as estreias, faço críticas,
escrevo reportagens, cubro festivais. Esse ano, por exemplo, eu já assisti
67 espetáculos em São Paulo, Paraná, Ceará, Pernambuco, Natal,
além de ter ido aos festivais de Curitiba, São José do Rio Preto, Guaramiranga,
prática eu já venho fazendo há praticamente 4 anos.
Minhas ações são custeadas do meu próprio bolso, na maioria dos casos.
Viajo, invisto na minha formação, sei que é importante para quem escreve sobre teatro
ter um repertório sólido e acompanhar a produção teatral contemporânea.
Se o seu trabalho é humilde e sem apoio,
humildade e falta de apoio não podem ser salvaguardas para nada,
não consigo compactuar com essa auto comiseração que só faz com que as coisas
permaneçam como estão. É um discurso reacionário que eu não assino embaixo.
Se você querem apoio e não críticas, mandem um email para o FIC Augusto dos Anjos,
para o FMC ou para o BNB de Cultura, eles são os órgãos de apoio e não um jornal
E por falar em apoio, na edição do dia 12 de novembro nós apoiamos sim a peça, divulgamos a apresentação
dela com matéria ("Peça fala de pioneira da enfermagem") escrita por mim inclusive.
Acho que a questão não é só emitir juízos de valor sobre o que seja bom ou ruim,
quem lê o jornal da paraíba, há 4 anos escrevo críticas de teatro nesse jornal, sabe
que corro léguas desse tipo de postura. Outra, não tenho outra maneira
de apoiar vocês que não seja divulgando o trabalho e oferencendo a minha opinião,
como já venho fazendo.
A todo tempo sou chamado de alguém que "vem sabe-se lá de onde", quem vai ao teatro,
a qualquer estreia, a qualquer peça, sabe quem eu sou, porque, se você ler o jornal da paraíba,
vai saber que lá estou eu não só divulgando como exercendo o meu ofício crítico.
Se eu não conheço as dificuldades? Conheço sim, mas, pensa uma coisa: pra o seu grupo,
não para mim: aonde vocês irão com esse discurso de coitadinho, de miserável,
que precisa de alguém que apoie e passe a mão na cabeça? Pra onde vocês querem ir;
o que vocês querem ser?
Não disse q não se deve montar épicos, clássicos, nem contar a vida de ninguém,
só não entendi a conexão entre a nossa realidade, os nossos problemas
em uma história de uma enfermeira inglês do século XIX - o que você quis dizer
com o seu espetáculo?
Quanto a trancar-se no meu quarto e voltar para minha terra,
desmonta o discurso de que você não me conhece, nem sabe de onde
eu venho.

email da companhia de teatro encantos

É realmente gratificante ver pessoas que se dizem tão cultas agredirem outras com a
maior cara de pau. Ridículo o comportamento do jornalista , um tal de AB , que vem sabe lá de onde
agredir os humildes trabalhos feitos com tanta dificuldades e sem o menor apoio. QUEREMOS APOIO E NÃO CRÍTICAS !
Se o senhor AB acha nosso trabalho ruim, faça por onde nos apoiar, porque se já é tudo tão difícil com um comportamento
desse torna tudo pior ainda, não só para nós, mas para todo o teatro sofrido Paraibano.
Quanto ao questionamento do que devemos apresentar alegando qual a importância de Florence...é, realmente, este Senhor , como bem já disse, vem sabe-se lá de onde, sem conhecer nossas dificuldades e o que quer mesmo ver é cultura nordestina!
Ao que parece, não devemos representar, épicos, clássicos, ou contar a vida de mais ninguém....
volte para sua terra , tranque-se no seu quarto e vá fazer suas poesias.
Passe bem!

quinta

Quinta é dia de dobra no jornal. Cheguei esgotado ao teatro. Vi só algumas coisas da mostra paralela, preferi ficar por ali flanando, tomando uma dose de vodca. Os dois espetáculos da mostra oficial eu já tinha visto, "Os sete mares de Antônio", de Tarcísio Pereira e "Esparrela", de Fernando Teixeira.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

quarta

Romance do Conquistador - O que esperar da Cia Paraibana de Comédia? Nada além do que eles vem propondo sempre, um teatro de escracho, um humorzão rasgado. É isso que eles vendem e quem compra não pode reclamar de ter o produto enganado... Receberam o prêmio Myriam Muniz, da Funarte, montaram um texto de nossa primeira dama do teatro, dona Lourdes e fizeram tudo em casa, com o elenco com o qual já fazia os pastoris profanos e foi dirigido por Edilson Alves, encenador da companhia... Teatro popular, colorido, mambembe... e faltando ainda um entrosamento já característico do grupo que, individualmente, sabe o que render em termos de comédia.

A farsa do poder - Tava lembrando hoje de grupos musicais que surgem para um projeto e se acabam. Exemplo? O Dirt Mac, brincadeira que reuniu John Lennon, Eric Clapton, Keith Richards e Mitch Mitchell, baterista do Hendrix, um time e tanto... Mas, de vida curta. Os fodidário é meio que uma pequena seleção do teatro paraibano. Tem gente da Piollin (Thardelly Lima), do Bigorna (Fabíola Morais, Dudha Moreira), do Coletivo Alfenim (Daniel Porpino)... O melhor de tudo é que os caras estão em cena se divertindo... o ritmo flui, o espetáculo segue... Os desmandos das políticas de Cudimundo, do desvio de verba, das subserviências, são bem presentes, não é à toa que os cacos com a política local fazem tanto sucesso.

Giomar, a filha da mãe - Texto também de dona Lourdes. Direção de Marcos Pinto, que divide a cena com Melânia (tô sem o sobrenome dela agora... depois pego). Acho que o texto era um monólogo, para um ator só. Uma revisão da história do Brasil. Um enfoque especial na entrada dos judeus pelos Nordeste, espécie de obsessão temática de Dona Lourdes... Com músicas, colorido, máscaras... Eu fico me perguntando porque há tanto desses elementos no teatro paraibano? Quais as nossas questões, os nossos problemas, o nosso cotidiano? Eu não vejo muito isso no palco não - ok, to transcendendo a peça do Marcos - mas é que parece que há dois mundos - o do teatro e o real - e um de costas para o outro


terça

Florence Nightingale – A Luz da Criméia texto e direção de Dalila Cartaxo. Pioneira na enfermagem, na Inglaterra do século XIX. Uma vez o Mirisola disse que o escritor que ao publicar um livro não tem o que dizer está cuspindo em todos os livros que já foram feitos. Acho que dá pra aplicar o mesmo com o teatro. O que a mitificação de uma personagem tão distante de nossa realidade se justifica para ser levada ao palco?

A Liberdade de Amélia, a direção é de Anunciada Fernandes, o texto, do sobrinho dela, Bruce Fernandes. Atrizona, 44 anos de teatro. Aquele teatro do passado, com atriz dando nome à companhia. Anunciada é um retrato de um teatro que ficou para trás. Preto e branco, com sépia. Vencido.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

espetáculos - segunda

Incelência - "O espetáculo que vai começar agora é imperdível". Quem falou foi Humberto Lopes, do quem tem boca. À tarde, corri para ver um pedaço dos debates, cheguei atrasado, mas consegui assistir alguma coisa. Estranho como os grupos não participam do debate dos outros, é um papo entre os debatedores e o elenco. No debate Chico Oliveira falou que a direção do espetáculo é de uma clown lá de Campinas, onde ele morou, a Wanda. Cada vez mais me convenço de que preconceitos não servem pra nada. Ver o título, saber que é um monólogo já me armaram. Mais do que a gigante presença do ator - em Fogo Fátuo Chico faz a diferença quando está em cena - que me lembrou um pouco do Dirceu Borboleta do Emiliano Queiroz, mas sem ser uma imitação, sabe?, algo do beber na mesma fonte de delicadeza e de cuidado - o que me pegou mesmo em cheio foi o fato de se trabalhar com uma temática meio surrada e já lugar comum, do artista mambembe e popular, só que Incelença joga um elemento a mais, joga um filtro nessa narrativa: um menino no sertão que gostava de brincar de boneca torna-se hoje o dono do circo; a cena em que Chico traz o enfrentamento entre o menino e sua tia, que afirma que menino não brinca de boneca e a rasga de modo cruel, é um dos grandes momentos do espetáculo; lembrou aquele diálogo de Corisco e Lampião interpretado por Othon Bastos em Deus e o Diabo na Terra do Sol.

Retalhos de uma vida - Montagem da cidade de Areia, do grupo Gameleira, com direção de Gláucio de Figueiredo. A cena final é muito bonita. Um facho de azul sobre uma tela ao fundo, o personagem que representa o passado de braços abertos. O texto primava por uma noção do que seja um teatro teatral, aquilo que João Cabral falava em "perfumar a rosa", em dar uma carga de drama muito grande aos gestos, às falas e ao texto, tudo muito artificial.

espetáculos - domingo

Fogo fátuo - cheguei atrasado. Entrei a peça já tinha começado. Apesar de perceber que havia um ritmo muito bom dos atores, um trato - e mais do que um trato, uma reverência - com o texto de Dona Lourdes, eu não ouvi muito do que os atores falavam; estava na metade da plateia e muito do que se falava no palco, simplesmente, não chegou. Outro problema era o cenário. Com uma série de cordas se entrelançando, cobrindo o palco de cima para baixo, um balcão de fogão, montado em pedra, com uma chaleira real esquentando água, forno esquetado e tudo, no centro da cena - ora, as demais marcações ao redor do palco foram delimitadas pela luz e utilizando outros espaços do palco, limitando a área de apresentação e dando pouca mobilidade, além do fato de parecer meio poluído, sem uma significação direta. No debate, o Pedro Pires falou sobre o ensaio do Antônio Cândido, acho o dialética da malandragem, no qual ele definia a figura do malandro. "Seria bacana, até para uma outra montagem, acho que não é o foco dessa, vocês atentarem para isso".

O castelo- como falei que tenho por dança uma "ignorância interessada", me falta subsídio teórico e convivência pra escrever, mas, mesmo assim, rabisquei alguma coisa pro jornal. Foi muito bom conversar com a Joyce Barbosa, diretora e coreógrafa do espetáculo. Vou republicar aqui:
Não é à toa que uma das propostas para o novo milênio, feitas pelo escritor Ítalo Calvino, seja a rapidez. A montagem da Paralelo Cia. de Dança, do espetáculo de dança, O Castelo, uma transcriação do universo do romance de Franz Kafka, pontuou uma série de questões simbólicas sob a perspectiva da agilidade. Joyce Barbosa, diretora e coreógrafa da companhia, assina a direção e a coreografia do espetáculo que contou teve participação de Arthur Marques. Os dois também assinam o figurino. As três bailarinas usam roupas em tom preto com pequenas variações. O cabelo com um topete falso e o lance meio retrô, meio ficção científica, cantou um pouco a pedra do espetáculo: o tempo é nenhum. Em qualquer época, o ser humano tende a complicar o simples, daí o inevitável dos rituais e da permanência da burocracia, essa arma que delimita espaços de poder, como ficou demonstrado no belo jogo de reiterações e figuras com as cadeiras de espaldar alto, lembrando as sombras de filmes do expressionismo alemão. Um toque especial de contemporaneidade, que eletrizou ainda mais a rapidez das cenas foi a executação da trilha sonora ao vivo, com a guitarra envenenada de Erick de Almeida, além das mixagens feitas no palco. A luz de Fabiano Diniz soube também criar a atmosfera sufocante em que o senhor K - multiplicado e expadindo em movimentos pelas três bailarinas Joyce Barbosa, Lília Maranhão e Vanessa Queiroga. A fumaça branca contribuía ainda mais para dar aquela cenarização de gelo e névoa - o branco e o preto do cenário e do figurino não estão de graça - também evocou a paisagem kafkiana de O Castelo. Um espetáculo vivo, pulsante e que procura refletir sobre questões atuais.



foto de Felipe Gesteira

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Vestido de Noiva de Gerald Thomas

Gerald Thomas pediu pra sair.
Gosto de posturas como a dele. Gosto mais do silêncio dele, nesse momento, do que o que chegou para mim do teatro dele. Essa coisa de Rimbaud, mesmo requentada, me fascina, me soa como honesta, embora ele não tenha que prestar satisfações a mim ou a qualquer que seja.
Devo ter visto as duas últimas peças dele. Ou três, não lembro bem.
Não era um teatro que me interessasse. Eu sempre o via como um fantasma da década de 1980. Como espectro que assombra a cena. Minha geração, talvez, não tenha direito ao verdadeiro Gerald. Ao do teatro visual de duas décadas atrás. Teatro é 3x4 do tempo - estoura a imagem fotografar em super8, se o sol que nasce é enquadrado por celulares e digitais. Também recuso engrossar fileiras no coro dos que cantam que ele é um falsário, que fazia mero ctrl c ctrl v do que assistia na Europa. Desconfio que o buraco é mais embaixo.
Meses atrás, fuçando pra Bacante quanto tinha rolado de grana pra Fernandoca fazer o “monólogo do possível”, descobri que o Gerald ia montar 'Vestido de Noiva' (embaixo tem o print do projeto).
Seria um encontro e tanto. Seria o Gerald sem o anteparo verborrágico, reflexivo, narcisista de uma dramaturgia descartável e presa e circunscrita à sua encenação. Seria o encontro de dois marcos. Acho que faria bem aos dois.
Sento na cadeira, confiro se o canhoto do bilhete que eu deverei guardar em uma pasta com quiquilharias importantes. Escuto o terceiro sinal, mergulho no escuro e me deslumbro com uma luz. “O Vestido de Noiva” de Gerald inunda minha vida inteira.





conexão Pão de Queijo - Rapadura

Semana passada os mineiros da Clara estiveram por aqui.
Projeto aprovado no Myriam Muniz de visita e trabalho em conjunto com a Piollin.
Pena que não pude ir a nenhum dos dois espetáculos, nem à demonstração de trabalho.
Mas, apareci por lá, conversei com o Anderson e tirei umas fotos.
Dei uma de tia Lenise :-)

domingo, 22 de novembro de 2009

Espetáculos - Sábado -

Vatsa, Fragmentos de uma Memória - A direção é de Eliezer Rolim. Na real, uma orientação de pós, eu soube depois. Um solo de Erik Breno. Meio que mistura teatro e dança. Não quero aqui, nesse espacinho cair no subjetivismo de "ah gostei", "ah não gostei". Perguntas. Gosto delas. Aqui vai uma: o que se quis dizer na mistura do diário do Nijinski com os textos do próprio bailarino? Qual a conexão que se estabeleceu com o espetáculo? Conversei com Breno depois, ele me falou de como aquilo foi bacana ao processo, mas, juro que não consigo sacar, sentado da caderia. Aprecei mesmo a precisão dos movimentos - a cena em que ele ilustra a cadeia evolutiva do homem, desde o macaco, foi muito bem feita.

Boi de Folia - Um grupo de Bayeux. Para os amigos de fora da Paraíba, Bayeux é a cidade onde fica o nosso aeroporto e é também repositório de muitas piadinhas politicamente incorretas dos pessoenses - acho que depois de Campina Grande, é o alvo preferido da turma. O folguedo é até bonito, o lance do boi. Gostei muito do ator que abre o espetáculo, que faz o narrador - impressão bem pessoal mesmo, não sei traduzir isso em palavras; ele entra, chama atenção, instaura o teatro. Sei que isso não quer dizer nada, é super subjetivo, ok? O lance de entremear o folguedo com uma historinha e lance de "vamos salvar a cultura popular" ficou meio chatinho, meio dentro de um mesmo lugar, dentro de uma mesma expectativa.

Nada, nenhum e ninguém - Marcos Pinto quis colocar em cena muito de sua trajetória de dissolução de grupos, de desencontros de egos, do problema de se trabalhar em um coletivo. Aliou o seu Grupo Experimental com a Trupe Arlequim, do Diocélio Barbosa - que também teve uma treta pesada com a companhia que fundou, a Lua Crescente, teve que sair, criar outro grupo... O que tivemos em cena? Um teatro colorido, musical, mambembe. Metateatro, uma trupe vai montar "O Grande Teatro do Mundo", mas não consegue devido a esses desencontros. Na hora, me lembrou o mesmo motivo de "O Capitão e a Sereia", dos Clowns, em cartaz em Sampa. Mas, só que houve caminhos bem diferentes para cada montagem. Vou me concentrar na daqui. Primeiro: a dramaturgia. Marcos Pinto costurou vários textos. Muitos de poesia. Mas, sem me alongar muito: o que ele quis dizer com o espetáculo? Que relação se estabelece com o contexto em que está inserido de tempo e de lugar. Quando o personagem se recusa a continuar interpretando, dizendo "repetir o mesmo texto, as mesmas falas..."... essa observação pode ser utilizada para o próprio teatro que o próprio Marcos vem fazendo e, com o risco de uma afirmação como essa, em certo sentido, com o teatro que vem se fazendo por aqui... O mesmo teatro colorido, popular, mambembe, engraçadinho, musical e... desconectado da realidade.





Lugar de poder - lugar de diálogo

Dois dias. Sete espetáculos vistos.
Engraçado o quanto o pessoal pergunta se eu vou escrever no jornal.
Nem sempre vai dar para escrever sobre tudo.
Sei que, sim, há o lance da falta de quem escreva, que os jornais daqui
e blá blá blá. Mas, sei que tem neguinho que quer o texto
para mandar para concorrer em edital - me disseram isso:
olha, tu sabe que pra gente concorrer, tem que ter materia de jornal.
Entendo também. Mas, acho que o espaço crítico vai além disso.
Dessa relação. Quando eu ia descendo para o Bar dos Artistas bati um papo
com a Rita Aquino. Ela é debatedora de dança.
Falei pra ela da minha "ignorância interessada" - o termo eu
roubei do Lehmann que fala em "incompreensão interessada" - em relação à dança.
Falei, então, que queria ir ao debate. "Quem sabe minha 'ignorância interessada' diminua, aumente mais o interesse". A Rita riu. Deixou claro para mim a postura dela. De que
não quer um lugar de poder. Não quer uma abordagem normativa. Que o que funciona
mesmo é o diálogo. Que não dar pra ter uma fala que desconsidere contextos.
Gostei do que ela disse.

explicação? Quem precisa dela?

Seguinte, tenho um talento enorme para dispersar quem me segue em blogs. Talvez eu não goste de escrever neles, talvez eu só aprecie criá-los. Pode ser.
Não desejem vida longa a este aqui porque eu não sei se ele vai ter. Por enquanto resolvi que fosse assim. Que o blog fosse temático. Que eu escrevesse sobre teatro. Vou abrir outro sobre literatura também. Por enquanto é isso.