terça-feira, 24 de novembro de 2009

espetáculos - segunda

Incelência - "O espetáculo que vai começar agora é imperdível". Quem falou foi Humberto Lopes, do quem tem boca. À tarde, corri para ver um pedaço dos debates, cheguei atrasado, mas consegui assistir alguma coisa. Estranho como os grupos não participam do debate dos outros, é um papo entre os debatedores e o elenco. No debate Chico Oliveira falou que a direção do espetáculo é de uma clown lá de Campinas, onde ele morou, a Wanda. Cada vez mais me convenço de que preconceitos não servem pra nada. Ver o título, saber que é um monólogo já me armaram. Mais do que a gigante presença do ator - em Fogo Fátuo Chico faz a diferença quando está em cena - que me lembrou um pouco do Dirceu Borboleta do Emiliano Queiroz, mas sem ser uma imitação, sabe?, algo do beber na mesma fonte de delicadeza e de cuidado - o que me pegou mesmo em cheio foi o fato de se trabalhar com uma temática meio surrada e já lugar comum, do artista mambembe e popular, só que Incelença joga um elemento a mais, joga um filtro nessa narrativa: um menino no sertão que gostava de brincar de boneca torna-se hoje o dono do circo; a cena em que Chico traz o enfrentamento entre o menino e sua tia, que afirma que menino não brinca de boneca e a rasga de modo cruel, é um dos grandes momentos do espetáculo; lembrou aquele diálogo de Corisco e Lampião interpretado por Othon Bastos em Deus e o Diabo na Terra do Sol.

Retalhos de uma vida - Montagem da cidade de Areia, do grupo Gameleira, com direção de Gláucio de Figueiredo. A cena final é muito bonita. Um facho de azul sobre uma tela ao fundo, o personagem que representa o passado de braços abertos. O texto primava por uma noção do que seja um teatro teatral, aquilo que João Cabral falava em "perfumar a rosa", em dar uma carga de drama muito grande aos gestos, às falas e ao texto, tudo muito artificial.

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